As (minhas) notas da Semana (21.09.2006)
1. Ninguém me perdoaria se a minha primeira nota não tivesse a ver com a polémica que se levantou à volta de uma citação que o Santo Padre Bento XVI fez, numa lição académica que pronunciou na universidade alemã onde foi professor durante longos anos. A citação tem a ver, não propriamente com o Islão, mas com o proselitismo que todas as religiões fazem das suas crenças, muitas vezes recorrendo a meios menos pacíficos. Um imperador bizantino do século XIV, agora citado pelo Papa, afirmou, perante a invasão dos seus territórios por gente muçulmana, que os maometanos (seguidores do profeta Maomé) não andavam bem, transmitindo pela força (pela espada) os princípios da sua fé. O exemplo poderia ter sido outro, mesmo escolhido entre os muitos episódios em que o cristianismo recorreu a métodos pouco irénicos, e dos quais o saudoso Papa João Paulo II pediu perdão a todos os povos. Desta feita, porém, as baterias da comunicação social mundial estavam assestadas ao Papa, passando para as televisões e para os jornais um trecho da lição do Papa desinserido do seu contexto, e sem qualquer preocupação (antes pelo contrário) de prevenir os leitores a esse propósito. Hoje é assim! E os muçulmanos, deficientemente informados (ainda agora), e altamente motivados contra o Ocidente, logo aqui acharam motivo para mais uma guerra santa, como se o Papa se confundisse com um sistema político ocidental que procura, a todo o custo, controlar as fontes energéticas do planeta. E a verdade não é essa! Bento XVI, na esteira do Concílio e do seu antecessor João Paulo II, é um verdadeiro defensor do diálogo entre as religiões e, sem deixar de proclamar a verdade católica que reconhecemos como tal, deseja um futuro para a humanidade que passe pelo entendimento, pela amizade entre os povos, e não pelo confronto, muito menos pelo confronto bélico.
Quem pretender retirar das palavras do Papa outra conclusão, ou não sabe ler o seu discurso académico, ou entra nesta questão mal intencionada.
2. Cá por dentro, um dos temas da semana foi o começo do ano lectivo. Por um lado, quanto aos mais novos, parece que foram encerradas umas largas dezenas de escolas, se calhar nem sempre com justo critério, até porque continua válido aquele princípio que proclama que “o cliente (leia-se o interessado) tem sempre razão”. Só que, neste ponto, temos que ser realistas e dar a mão à palmatória. De facto, se não há crianças nas nossas aldeias, como podem funcionar as escolas? Temos edifícios? É verdade! Temos professores disponíveis? É Verdade! Mas falta o essencial, que são as crianças! E contra factos não há argumentos!
3. Não me passou despercebido, noutro campo, um debate transmitido, durante a semana, no único canal que serve o povo neste país (o canal 2), em que participaram vários deputados nossos, ou seja do povo, ao Parlamento Europeu, discutindo sobre a problemática dos incêndios florestais durante o Verão. Lá estavam a comunista Ilda Figueiredo, a socialista (ou linguista?) Edite Estrela e o social-democrata Silva Marques, cada um puxando a brasa à sua sardinha.
A discussão centrou-se sobre a extensão da área florestal ardida, a actuação atempada ou não do Governo, o uso e o aluguer dos meios aéreos de combate, a prevenção e coisas quejandas. Pareceu-me que, tirando um pormenor ou outro, todos os participantes falavam daquilo que não conheciam. Sobretudo aquela conclusão que se tira, precipitadamente, do facto de este ano ter havido menos área ardida, atribuindo-a a uma prevenção que não funcionou ou à utilização de meios que não temos. De facto, a área ardida foi este ano muito menor. Pudera! Como poderia arder, agora, aquilo que se queimou por inteiro, e até à raiz, no Verão passado? Perante tudo o que se passa, eu continuo a estar convencido (e gostava de não estar) de que, em Portugal, nestes últimos anos, se instalou uma espécie de fatalismo em relação aos incêndios. Isto tem que arder, e pronto! É o nosso fado, e a ele não podemos fugir! Triste fatalidade, mísera condição!
2. Cá por dentro, um dos temas da semana foi o começo do ano lectivo. Por um lado, quanto aos mais novos, parece que foram encerradas umas largas dezenas de escolas, se calhar nem sempre com justo critério, até porque continua válido aquele princípio que proclama que “o cliente (leia-se o interessado) tem sempre razão”. Só que, neste ponto, temos que ser realistas e dar a mão à palmatória. De facto, se não há crianças nas nossas aldeias, como podem funcionar as escolas? Temos edifícios? É verdade! Temos professores disponíveis? É Verdade! Mas falta o essencial, que são as crianças! E contra factos não há argumentos!
3. Não me passou despercebido, noutro campo, um debate transmitido, durante a semana, no único canal que serve o povo neste país (o canal 2), em que participaram vários deputados nossos, ou seja do povo, ao Parlamento Europeu, discutindo sobre a problemática dos incêndios florestais durante o Verão. Lá estavam a comunista Ilda Figueiredo, a socialista (ou linguista?) Edite Estrela e o social-democrata Silva Marques, cada um puxando a brasa à sua sardinha.
A discussão centrou-se sobre a extensão da área florestal ardida, a actuação atempada ou não do Governo, o uso e o aluguer dos meios aéreos de combate, a prevenção e coisas quejandas. Pareceu-me que, tirando um pormenor ou outro, todos os participantes falavam daquilo que não conheciam. Sobretudo aquela conclusão que se tira, precipitadamente, do facto de este ano ter havido menos área ardida, atribuindo-a a uma prevenção que não funcionou ou à utilização de meios que não temos. De facto, a área ardida foi este ano muito menor. Pudera! Como poderia arder, agora, aquilo que se queimou por inteiro, e até à raiz, no Verão passado? Perante tudo o que se passa, eu continuo a estar convencido (e gostava de não estar) de que, em Portugal, nestes últimos anos, se instalou uma espécie de fatalismo em relação aos incêndios. Isto tem que arder, e pronto! É o nosso fado, e a ele não podemos fugir! Triste fatalidade, mísera condição!
A. Jesus Ramos
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