Democracia e Cristianismo
A minha Quaresma
Manuel J. Matos *
A Quaresma é um período que se repete num ciclo anual. Essa repetição pode favorecer a sua desvalorização como uma fonte de influência sobre a nossa vida. Com todos os problemas que nos afligem, acrescentados este ano pela crise económica profunda que vivemos, sobra pouco para viver mais esta Quaresma.
No entanto, neste período particular, neste ano preciso, tenho-me colocado questões fundamentais que gostaria de partilhar com os leitores. Vimos do Natal e estamos a caminho da Páscoa. No Natal, revivemos o mistério da Encarnação, com toda a carga que acompanha esta escolha de Deus de partilhar a nossa vida feita de limitações. Atrevo-me a sugerir que essa seria uma razão principal: demonstrar-nos que, mesmo com as limitações da vida humana, é possível aspirar a mais, fazer mais.
Na Quaresma, confrontamo-nos com a caminhada para a morte do Deus feito homem, essa escolha terrível de uma morte terrível. Pergunto-me porquê. Uma decisão assim requer, para mim, uma explicação racional que não alcanço. E isso deixa-me perplexo, insatisfeito. Seria mesmo necessário?, pergunto-me.
Racionalmente falando, sem morte não haveria Ressurreição, isso é muito claro para mim. Mas não chega. Preciso de entender o sacrifício, a sua forma em particular. Preciso de entender por que é que isso tem, hoje, para mim um significado sobre a forma como olho a minha vida e como meço as minhas acções quotidianas. Valho esse sacrifício (mesmo que não o entenda)? Que meios utilizo para procurar entender melhor e reflectir sobre as consequências dessa busca para a minha vida?
Felizmente, graças às iniciativas ligadas ao Ano Paulino, outros vão-me ajudando a reflectir sobre estas (e outras perspectivas) à luz do entendimento de S. Paulo.
Apesar de ter o desejo, mesmo a urgência, de entender, não estou dependente da realização do mesmo para viver melhor a minha Quaresma deste ano. Tenho essa bênção que é a repetição, no próximo ano (e nos seguintes), do convite da Igreja para reflectir de novo os mistérios que desejo esclarecer (caso me esqueça).
A vida é feita de escolhas, mas também de não-escolhas. Posso ficar confortavelmente em casa a usar a televisão ou a internet para ocupar o meu tempo. Posso usar o tempo que passo no emprego da maneira que for mais conveniente para que o mesmo tempo passe depressa sem qualquer produção para além do mínimo exigível. Posso utilizar as minhas conversas de café para referir as banalidades que os "media" nos impõem quotidianamente. Mas também posso escolher não seguir a corrente de cada jornada, assumindo o incómodo de deixar de encaixar na forma como os outros me vêem. Ou usar o tempo livre para a reflexão, em que arrisco o incómodo de ser levado a mudar-me para permanecer coerente com a forma como penso.
Termino com uma imagem sobre a morte de Jesus, muito paulina, para a qual o meu pároco me chamou a atenção há já algum tempo: o Crucificado é também o Jesus de braços abertos para nos receber. Que faço, nesta Quaresma de 2009, para responder ao convite?
No entanto, neste período particular, neste ano preciso, tenho-me colocado questões fundamentais que gostaria de partilhar com os leitores. Vimos do Natal e estamos a caminho da Páscoa. No Natal, revivemos o mistério da Encarnação, com toda a carga que acompanha esta escolha de Deus de partilhar a nossa vida feita de limitações. Atrevo-me a sugerir que essa seria uma razão principal: demonstrar-nos que, mesmo com as limitações da vida humana, é possível aspirar a mais, fazer mais.
Na Quaresma, confrontamo-nos com a caminhada para a morte do Deus feito homem, essa escolha terrível de uma morte terrível. Pergunto-me porquê. Uma decisão assim requer, para mim, uma explicação racional que não alcanço. E isso deixa-me perplexo, insatisfeito. Seria mesmo necessário?, pergunto-me.
Racionalmente falando, sem morte não haveria Ressurreição, isso é muito claro para mim. Mas não chega. Preciso de entender o sacrifício, a sua forma em particular. Preciso de entender por que é que isso tem, hoje, para mim um significado sobre a forma como olho a minha vida e como meço as minhas acções quotidianas. Valho esse sacrifício (mesmo que não o entenda)? Que meios utilizo para procurar entender melhor e reflectir sobre as consequências dessa busca para a minha vida?
Felizmente, graças às iniciativas ligadas ao Ano Paulino, outros vão-me ajudando a reflectir sobre estas (e outras perspectivas) à luz do entendimento de S. Paulo.
Apesar de ter o desejo, mesmo a urgência, de entender, não estou dependente da realização do mesmo para viver melhor a minha Quaresma deste ano. Tenho essa bênção que é a repetição, no próximo ano (e nos seguintes), do convite da Igreja para reflectir de novo os mistérios que desejo esclarecer (caso me esqueça).
A vida é feita de escolhas, mas também de não-escolhas. Posso ficar confortavelmente em casa a usar a televisão ou a internet para ocupar o meu tempo. Posso usar o tempo que passo no emprego da maneira que for mais conveniente para que o mesmo tempo passe depressa sem qualquer produção para além do mínimo exigível. Posso utilizar as minhas conversas de café para referir as banalidades que os "media" nos impõem quotidianamente. Mas também posso escolher não seguir a corrente de cada jornada, assumindo o incómodo de deixar de encaixar na forma como os outros me vêem. Ou usar o tempo livre para a reflexão, em que arrisco o incómodo de ser levado a mudar-me para permanecer coerente com a forma como penso.
Termino com uma imagem sobre a morte de Jesus, muito paulina, para a qual o meu pároco me chamou a atenção há já algum tempo: o Crucificado é também o Jesus de braços abertos para nos receber. Que faço, nesta Quaresma de 2009, para responder ao convite?
Membro da Direcção do CADC
manolo@bioq.uc.pt/manolo@ci.uc.pt
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