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29 de maio de 2008

Inventariação da Paróquia de Portunhos


No passado dia 21 deste mês, concluiu-se a inventariação da paróquia de Portunhos, com um total de 67 fichas e respectivas fotografias, respeitantes às capelas e à igreja matriz. As tardes contaram, sempre, com a dedicada presença do pároco, o Padre João Paulo Francisco Ferreira Vaz.
Sendo, outrora, um curato dependente de Ançã, a actual sede paroquial data de 1785, ano em que obteve autonomia pastoral. Em contrapartida, a capela do lugar da Pena foi erigida em 1817, também um curato, dependente de Cantanhede, implantada num sítio dominante da povoação e dotada de pia baptismal, tal como a anterior.
A permanência humana está testemunhada, nesta circunscrição territorial, desde o Paleolítico Superior, como documentam os consecutivos achados arqueológicos, depois continuada e comprovada pelos materiais mesolíticos, neolíticos, calcolíticos, da Idade do Ferro e do domínio romano, especialmente testemunhado na villa e no castro romanizado da Pena.
Os recursos naturais (geológicos, florestais, hídricos, cinegéticos e agrícolas) catalisaram as comunidades humanas que, progressivamente, ocuparam o longo vale longitudinal, nele fundando povoados, estáveis e definitivos, incrementando uma economia de subsistência familiar.
Esse contexto agro-pastoril acabaria complementado pelas actividades em breve desenvolvidas, nos estratos calcários das imediações, que configuraram o principal centro de extracção de pedra, para construção e escultura, dadas as apreciáveis qualidades apresentadas nas pedreiras de Portunhos e Pena.
Provavelmente, aqui teriam oficinas alguns dos imaginários medievais, visto a inscrição da capela dos Ferreiros, em Oliveira do Hospital, afirmar, em letras capitais góticas, do século XIV, que ESTAS: PEDRA / S: DE: ESTAS: LI/MASIES: UEERO (N):/ DE: PORTUNAS.
Quanto lá ficara consignado, em tão sugestivo documento epigráfico, quere exprimir o facto de que aquelas referidas pedras limadas, ou seja, esculpidas, vieram de Portunhos. Por isso, o Doutor Nogueira Gonçalves transmitiu a razoabilidade suposta pelo Professor Virgílio Correia, ao pensar que o grande escultor Mestre Pero ali teria a oficina.
Com efeito, o quantitativo das imagens registadas, só em calcário, contabilizando 19, incorpora 10,5% do século XIV, 42% do século XV e os restantes 47,5% para as centúrias de Quinhentos e Seiscentos; as produções em terracota e madeira policromada são de valores mínimos.
Há, evidentemente, nos conjuntos mais antigos, um esclarecedor índice de óptima categoria, revelador da conceituada sensibilidade estética dos autores, os quais, mesmo permanecendo desconhecidos, em rigor, explicitam rara mestria, patente na delicadeza das formas e no elegante lançamento das indumentárias; na finura das expressões psicológicas e no esmerado tratamento dos pormenores ornamentais; na distinta beleza dos cabelos e barbas, e no gracioso volume dos drapeados, principalmente.
Um escasso número de peças de ourivesaria, de paramentaria, de missais, de frescos e de objectos metálicos, comuns e singelos, no geral, apesar de componentes dos bens existentes, todos datados a partir do século XVIII, atestam uma compreensível mediania.

José Eduardo R. Coutinho

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