O ABORTO DE DEUS
Teresa Martins
Para celebrar os dois mil anos do nascimento de São Paulo (o autor sagrado mais citado na Liturgia), o Papa Bento XVI instituiu o "Ano Paulino", que teve início em 29 de Junho de 2008, dia consagrado a S. Pedro e S. Paulo, e que deverá terminar um ano depois. Assim, todos somos particularmente convidados a melhorar os nossos conhecimentos e fortalecer a nossa responsabilidade evangelizadora, com mais e melhor consciência da missão que a todos nos toca. Para apoio, a Conferência Episcopal Portuguesa coloca ao nosso dispor o livro «Um Ano a Caminhar com S. Paulo», da autoria do Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Anacleto de Oliveira, um trabalho catequético, muito completo, que, programado para cinquenta e duas semanas e tendo o Apóstolo Paulo como guia, nos proporciona uma grande aquisição de conhecimentos, enriquecida e facilitada com cânticos e oração.
Na 1ª Carta aos Coríntios, Paulo, ao afirmar-nos a ressurreição dos mortos, assume-se como «aborto de Deus», não se achando digno de ser considerado Apóstolo… «…foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Cefas (cognome dado por Jesus a Simão Pedro, chefe dos Apóstolos), e em seguida aos doze. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez… Depois a Tiago, e a seguir a todos os apóstolos, e em último lugar apareceu-me também a mim, como a um aborto… É que eu sou o menor de todos os Apóstolos, e não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus» "Só Deus é juiz da verdadeira grandeza, porque Ele conhece o coração dos homens", dizia Gandhi.
«O Aborto de Deus» é também o título de uma obra excelente da autoria de Alain Decaux, que nos confessa ter necessitado de vinte anos para se encorajar a colocar em livro toda a verdadeira vida de S. Paulo, de tal modo a tarefa lhe parecia «difícil e tortuosa»!… Mas conseguiu-o, e com grande mestria!… Utilizando permanentemente notas em rodapé, facilita-nos a aquisição de conhecimentos bíblicos sem esforço e até com um "sabor a romance" que nos delicia. Por exemplo, na Bíblia, o episódio ocorrido em «Tróade, ressurreição dum morto» (Act. 7, 12) S. Lucas relata o acontecimento. No livro, Alain Decaux mantém, como sempre, uma absoluta fidelidade nos factos, mas completa-os com vivências exteriores: «No século XVIII, Jonathan Swift, o famoso autor das Viagens de Gulliver, e que também era deão da Igreja de S. Patrício, em Dublin, escolherá para tema de um dos seus sermões "O sono da Igreja", referindo-se ao caso de Eutico para demonstrar que até São Paulo induzia o sono naqueles que o escutavam», muito embora, ao contrário de Jesus Cristo, que não escreveu nada, mas falou muito, Paulo, o «Grande Apóstolo da Palavra», tivesse falado muito pouco, se comparado com o muito que nos deixou escrito… Neste Ano Paulino, meditemos na frase soberba que Paulo nos legou, como herança: «Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo!…»
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