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3 de setembro de 2008

Criminalidade: Posso entrar?

João Gonçalves*


Mas as notícias são por demais evidentes, para sabermos que o crime anda por aí, em todo o lado, a incomodar meio mundo...ou o mundo todo.
Cada qual dá a sua opinião sobre o modo como resolver esta ingente questão, que parece não abrandar; abrimos o jornal e, as primeiras quatro ou cinco notícias, são de assaltos, com fotos a ilustrar; as televisões fazem o mesmo, e parece que o mundo e as suas novidades se ficam por aqui!
Eu acredito que o outro lado do mundo também existe: o harmonioso, o arrumado, o trabalhador, o respeitador; por aqui também se movimentam pessoas, sabemos até que a maior parte. Por favor...digam também isto!
Quero entrar na lista dos que apresentam "soluções". Sei que não resulta a opinião de "um polícia para cada cidadão"; também sei que pôr um privado em cada esquina, não resolve; nem uma câmara de filmar; nem o "chip" em cada punho, nem a ameaça de muitos anos de prisão efectiva; nem sequer o risco que o sequestrador corre ao fazer alguns reféns.
...Então...não há soluções?
Elas não são um acto de magia, nem se encontram por aí em qualquer loja de ocasião ou nos armazéns onde nos habituámos e comprar de tudo. Trata-se de lidar com pessoas! E pessoas que têm, muitas vezes, marcas de histórias incontáveis; e não precisamos de ser especialistas em psicanálise para perceber razões e fundamentos para tantas coisas que vão acontecendo e que vão incomodando; os primeiros sofredores destes erros, e das suas causas são, a maior parte das vezes, quem os comete! Nem sempre e nem toda a gente assim pensa, e é muito fácil atirar uma pedra ao lobo mau que roubou a galinha para o seu pequeno-almoço.
Mais policiamento? Maior vigilância? Mais meios de controlo a indivíduos e grupos? Mais grades nas nossas janelas? Mais alarmes nas nossas entradas?...Mas o mundo não pode transformar-se numa enorme cadeia, onde todos somos prisioneiros ou onde todos nos vigiamos uns aos outros e de todos desconfiamos...Que mundo?! Assim, ninguém lá quererá viver!
...Então...não há soluções?
Eu entro neste cortejo de opiniões, se me derem licença, e dou a minha, que nem vale mais do que nenhuma outra...
Técnicos destes assuntos de criminalidade, dizem que algumas das explicações serão os baixos salários, o desemprego, as dependências, as exigências do nível social imposto pela propaganda... e muitas outras, que tentam explicar ou mesmo justificar; não discordo.
Vamos ensinar que é preciso ter mais respeito pela vida humana? – Não matar.
Vamos ensinar outra vez que é preciso respeitar o bem alheio? – Não furtar.
Vamos reaprender a respeitar os conselhos sábios dos mais velhos? - Honrar pai e mãe.
Vamos dizer que temos de viver com o nosso essencial? – Não cobiçar as coisas alheias.
Toda a gente anda preocupada – e o caso é para isso. – Mas... falemos de PREVENÇÃO! E prevenir o crime não é armadilhar avenidas e ruas, prédios e bairros com vigilância de vinte e quatro horas. A verdadeira e eficaz prevenção tem de ser feita na cabeça e no coração de cada pessoa. Por isso, eu entendo que é preciso ir também – e mais – com o coração, com o diálogo, com a criação de campos de proximidade – sem dispensar todos os outros meios.
Está garantido, por quem sabe, que o aumento da criminalidade não vai além dos 10%: mas 10% de crescimento é demais: porque é de crescimento! E vai crescer até quanto e até quando?
Neste cortejo de opiniões, junto as minhas; sou cidadão e também vejo à minha volta e percebo que há outras forças para mobilizar. Por exemplo: imagino que em muitos dos Bairros ditos "sociais", onde algumas coisas destas têm acontecido, haverá Instituições de Solidariedade Social, Centros Sociais, Comunidades Religiosas, Centro Cívicos, etc. Todas estas verdadeiras forças sociais terão de ser chamadas e maximamente apoiadas para uma intervenção de real trabalho de prevenção; estou certo de que, com os seus saberes e com o seu coração, muito se pode e deve fazer neste campo.
...Então...não há soluções?
Para as doenças bravas que por aí estão, a ciência, sem descurar as tentativas de cura e de tratamento, está a fazer um enorme esforço na área da prevenção. E isso estuda-se e obriga a recursos humanos e financeiros grandes. Talvez, se todas as Instituições de Voluntários, sem complexos, fossem chamadas e apoiadas a valer, se fizesse um mais eficaz e complementar trabalho de prevenção.
Também na PREVENÇÃO da criminalidade, eu acredito que a maior força é a do AMOR, isto é, a força de corações desarmados!


*(Coordenador Nacional da Pastoral Prisional)

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