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2 de dezembro de 2006

Inventariação da igreja dos Gracianos

No passado dia 5 de Setembro, concluiu-se a inventariação da igreja da Graça, na rua da Sofia, outrora pertencente ao Colégio Universitário dos Gracianos.
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, e perante o vexame que os maçónico-liberais lhes dirigiram, a par da expulsão, a comunidade desta importantíssima casa decidiu sair pelo portão da cerca, evitando, assim, abandonar o seu edifício pela entrada principal e submeter-se a novos ultrajes.
A partir daquela ocasião, tudo se tornava disponível à cobiça insaciável dos políticos e à mercê dos oportunistas, ambos apressados a lançaram mão de muitos e valiosos bens ali existentes, num fartar barbárico de nefanda vilania.
Devido à existência da Confraria do Senhor dos Passos, os irmãos puderam assegurar a propriedade da igreja, do claustro e de poucos espaços anexos, exíguos, dos quais só estes restam e o lugar de culto, depois declarado monumento nacional, por decreto de 31 de Dezembro de 1997.
Para surpresa geral, já nada existe do suposto quantitativo de bens preciosos, usados no serviço litúrgico e inerentes à celebração eucarística; tudo desapareceu, sem deixar o mínimo rasto, admitindo-se, por isso, o encaminhamento para a Fazenda Nacional (acabando fundidos na Casa da Moeda) e/ou para particulares, como foi prática corrente.
Naquelas circunstâncias, o vasto e significativo património religioso, durante séculos constituído e conservado, teve um fim inglório, abrupto, derradeiramente votado à ignomínia da profanação desrespeitadora, ao vitupério da dispersão, incógnita e desonrante.
Entretanto, a dedicação de alguns poucos, todavia, tão meritória quanto louvável e digna do maior apreço, tem defendido aquilo que ficara, precisamente o que se encontra subsistente de tempos idos, agora fotografado ao pormenor e descrito nas próprias fichas da inventariação diocesana.
São dignos de destaque os vários retábulos dos altares, de interessante tipologia; as numerosas esculturas de vulto, em madeira policromada, cuja série alusiva aos santos e santas da respectiva congregação, permite compreender a evolução do hábito graciano, nas diferentes épocas; os excepcionais quadros pictóricos, sobre madeira, nos altares laterais; as telas honoríficas de Dom Frei João Soares, Bispo de Coimbra, e de Dom Frei Patrício da Silva, Cardeal-Patriarca de Lisboa (1826 – 1840) eximiamente retratado.
O revestimento azulejar da sacristia, composto de bons painéis seiscentistas, em azul e branco, encontra-se num avançado estado degradativo havendo centenas de azulejos irremediavelmente perdidos, pois, jamais tiveram, como o comum do edifício, qualquer atenção por parte das instâncias estatais que o tutelam (?).

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