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2 de outubro de 2007

Inventariação da Paróquia de Pala

No dia 27 do passado mês de Setembro, ficou concluída a inventariação da paróquia de Pala, para a qual muito contribuiu a colaboração do pároco e das várias pessoas que, durante tardes seguidas, gentilmente se disponibilizaram para indicar a localização das muitas capelas, acompanhando qualquer das tarefas realizadas e prestando meritórias informações históricas.
Os bens patrimoniais existentes, quer na sede paroquial, quer nos lugares dispersos, registados em cento e dezassete fichas e abundantes fotografias, testemunham a presença de uma incontestável vivência cristã, logo imediata ao início da Nacionalidade, com particular destaque para os tempos de maior implementação do povoamento rural, perpetuado na toponímia de cariz agro-florestal, bem como nos casais mais recônditos, distantes e constituídos nos afastados meandros da serrania, onde melhores terrenos permitiam a habitual agricultura de sobrevivência.
Tão inacessíveis alguns se posicionam que, durante a demorada deslocação, veio ao pensamento a possibilidade de encontrar descendentes dos romano-visigodos, para lá refugiados aquando das invasões bárbaras, todavia, surgiram fartos bigodes, à maneira celtibera, respeitáveis e honrados, com a devida homenagem.
O panorama geral é bastante sugestivo, principalmente no âmbito das alfaias litúrgicas, significativamente referenciadas em peças de reconhecido realce, de refinada produção e de raras acentuações quanto às tipologias seguidas. As esculturas abarcam semelhante representatividade, no calcário, madeira e terracota. Os altares de talha seiscentista e setecentista comportam elucidativos programas decorativos, com recursos vegetalistas e geometrizantes, a enquadrarem concheados e demais componentes de agradável efeito, como que ajustados aos frondosos arvoredos dos campos envolventes.
A notória sensibilização da comunidade denota, já, o facto de haver um crescente cuidado para com estas venerandas memórias das práticas celebrativas, de outros séculos, e do incontestável respeito a prestar a tão eloquentes legados recebidos dos antepassados, agora considerados factores identificativos dos núcleos implantados nas cercanias da sede matriz e, no conjunto, fautores das acentuações assim materializadas num ou noutro local de culto.
Este sentimento está profundamente realçado, também, nos poucos centros a cujas celebrações litúrgicas se ligam romarias, secularmente concorridas e, por certo, explicitadas nos característicos ex-votos que, desde finais do século XVIII, recordam graças, miraculosamente obtidas por intercessão dos santos, invocados em angustiantes momentos de dor e circunstâncias de tremendas aflições.


José Eduardo Reis Coutinho

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