Vigário episcopal da Região Nordeste fala ao “Correio”
Em entrevista a Lisa Ferreira, o vigário episcopal da Região Pastoral Nordeste, faz um retrato da actividade naquela zona da diocese. A família continua a ser, apesar de tudo, um dos sectores em que a acção da Igreja pode e deve ser mais interveniente. A juventude, essa, tirando o escutismo, praticamente não está organizada na região.
Vigário episcopal da Região Nordeste fala ao "Correio"
"Na Região Pastoral, a prática cristã não é frequente nem coerente"
O cónego Manuel da Silva Martins está há três anos na região pastoral Nordeste como vigário episcopal. Na altura em que termina o plano pastoral da diocese dos últimos cinco anos, fala ao "Correio" dos desafios da função como coordenador pastoral da região e como pároco de Arganil, Sarzedo e Secarias. Chamando a atenção para a crise na família, acredita que seria mais proveitoso elaborar um plano pastoral "menos ambicioso", mais concreto e feito em articulação com o terreno. Quanto à ligação entre fé e cultura, afirma que "a Igreja tem que aprender a dialogar".
"Na Região Pastoral, a prática cristã não é frequente nem coerente"
O cónego Manuel da Silva Martins está há três anos na região pastoral Nordeste como vigário episcopal. Na altura em que termina o plano pastoral da diocese dos últimos cinco anos, fala ao "Correio" dos desafios da função como coordenador pastoral da região e como pároco de Arganil, Sarzedo e Secarias. Chamando a atenção para a crise na família, acredita que seria mais proveitoso elaborar um plano pastoral "menos ambicioso", mais concreto e feito em articulação com o terreno. Quanto à ligação entre fé e cultura, afirma que "a Igreja tem que aprender a dialogar".
É vigário episcopal da região Nordeste. Quais sente serem os maiores desafios na coordenação desta região pastoral?
Um dos maiores desafios é atender à pastoral dos núcleos principais que o ambiente da serra obrigou a formar. A serra foi-se tornando deserta e formaram-se alguns núcleos, onde se concentrou a população: Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil, Góis e Pampilhosa. E esta população deslocada tem características especiais… Desenraizou-se do seu espaço e encontrar um ritmo mais ou menos certo para a vida, num novo lugar, leva o seu tempo. Esta gente ainda não encontrou esse ritmo. O atendimento a esses poucos núcleos é o grande desafio, bem como o modo de lidar com eles, em vários aspectos. No âmbito da família é onde noto uma dificuldade maior. A família atravessa aqui uma crise muito grande.
Porquê?
Não identificamos facilmente as causas ou as origens do fenómeno. É verdade que, a nível nacional e europeu, as coisas também estão complicadas mas tenho a impressão de que, nestes espaços assim, as coisas se fazem notar mais depressa. Isto assusta-nos… Quando cá cheguei, há cerca de três anos e meio, o que me chamou mais a atenção foi, de facto, ter verificado que mais de 50% das crianças são filhos de pais separados, em união de facto, solteiros e sem terem nenhum tipo de ligação com outra pessoa. De lá para cá as coisas pioraram. No momento presente, há muitos casamentos a desfazerem-se.
Quais sente serem as soluções possíveis?
Temos conversado muito sobre isso, aqui. A aposta, já aconselhada por muitos, deve ser na formação, mas esta precisa de elementos que a tornem adequada às pessoas, aos locais, às situações. Dizíamos que ela estava garantida pela catequese, pelos grupos de jovens, no sentido de uma pastoral juvenil integrada, pelo CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio) e, principalmente, pela existência de equipas da pastoral familiar. Mas são realidades que não têm implantação fácil aqui no nosso meio. Temos apostado muito na formação de equipas da pastoral familiar mas tem sido muito complicado... Em geral, os noivos passam pelo CPM. São é poucos os que se casam…
Os jovens deslocam-se muitas vezes dos meios rurais para os centros urbanos para estudar ou trabalhar. Sente que isso tem influência no número de grupos de jovens nas paróquias da região ou nos movimentos juvenis com actividade aqui?
Não tenho bem noção do que esteve para trás de mim, no que respeita a grupos de jovens. Tenho lembrança do que acontecia há 40 anos, quando estive, de 1966 a 1971, em Pombeiro da Beira, que é aqui a dois passos de Arganil. Nessa altura, havia uma movimentação grande de juventude e havia bons grupos de jovens. Muitos dos adultos que hoje estão por aí, pertenceram a grupos dessa altura. Mas depois há um intervalo grande. Hoje, fora do escutismo, praticamente não temos grupos de jovens apesar de haver muitas tentativas.
Fazendo um balanço da forma como foi vivido o plano pastoral na região Nordeste, sente que a distância do centro da diocese tem alguma influência nas respostas dadas pelas comunidades?
Penso que, em relação ao resto da diocese, a diferença no modo de entender e de nos sintonizarmos com o plano não é muita. Quando este plano teve início, ainda estava na região Sul. Vim para aqui a 30 de Novembro de 2003, quando ele já estava em acção, e não encontrei muitas diferenças na maneira de o viver. Mas encontrei, num lado e noutro, várias dificuldades, que foram até analisadas agora, no Conselho Presbiteral. Os problemas podem não estar propriamente no modo como as pessoas abraçam e entram no plano, mas antes no próprio plano. E, se calhar, as coisas deviam começar exactamente por aí. Ele não pode ser tão vasto, não pode querer abranger tanto. Ainda que tenha que dizer respeito a tudo, devem acentuar-se aspectos mais concretos. O nosso plano foi, talvez, ambicioso demais. Num ano foi a família, no outro a juventude, no seguinte a atenção aos mais pobres… Nestas coisas, não há muros a dividir umas áreas das outras. Penso, também, que não foi bem levado à diocese porque não houve uma articulação suficiente entre regiões. Em conclusão, ele tem que ser menos ambicioso e tem que ser feito em articulação com o terreno, com as regiões. Tem que ser mais concreto e depois aplicado e adaptado a cada zona. A diocese tem ainda que apostar mais nos serviços de ligação, nos chamados secretariados. Alguns nem sequer existem. Estes serviços fazem muita falta na execução do plano. Digo, no entanto, que, em relação a este plano, apesar destes problemas, fez-se muito.
Que temas seriam importantes num próximo plano, tendo também em conta a realidade da Nordeste?
Tem que se insistir muito na família e encontrar formas de a Igreja estar muito próxima dela. Não digo que a Igreja tenha que adaptar-se às circunstâncias nem que estas tenham que adaptar-se à Igreja. Tem que haver uma caminhada para conhecer melhor a realidade da família e para, de muitas formas, nos podermos apresentar como "pessoa de bem" em relação à família. Não que não o tenhamos sido mas não se tem acertado…O plano tem que contemplar também a acção social.
Como caracteriza a região em termos de prática cristã e quanto ao envolvimento de leigos na vida da Igreja?
Penso que a prática cristã não é frequente nem coerente. E isto é quase geral. Há manchas em que a situação é melhor mas, na grande maioria, a prática é fraca. Quanto à aposta na acção dos leigos, penso que é essencial em toda a diocese e, aqui, talvez ainda mais, pela rarefacção da população. Existem os tais núcleos centrais e para esses terá que haver sempre a presença de um presbítero, mas nas aldeias fica sempre alguém e também são filhos de Deus. É importante que, para essa população espalhada pelas aldeias, que são muitas, haja o que é possível haver, com uma boa articulação feita pelo presbítero que concentrará a prática nos tais núcleos.
Uma outra aposta do plano passava pela articulação entre fé e cultura. Ela foi conseguida?
Há vários aspectos a considerar quando se fala da ligação entre fé e cultura. Às vezes, quando se fala disto, parece que só nos concentramos nos sítios onde estão as grandes escolas, os serviços públicos e onde está a sensibilidade "mais para a frente", que dá a impressão de estar mais afastada da Igreja. E a Igreja tenta ver de que modo pode estabelecer uma ligação com essas novas sensibilidades. Mas a ligação entre fé e cultura é mais universal e é de outros lugares. Há sensibilidades que percorrem os espaços de forma veloz e vertiginosa e esse problema põe-se em qualquer lugar. Penso que não estamos preparados para este diálogo entre fé e cultura. Tem que haver, se calhar, uma cadeira específica nos seminários, que trate este assunto que tem muita importância e que é, precisamente, um dos grandes problemas hoje. Nós partimos do princípio de que temos uma mensagem para transmitir e de que a comunidade que nos procura, ou à qual somos enviados, é o destinatário e basta. Pensamos que podemos anunciar como sabemos e que está tudo feito. Mas não é assim. Este diálogo, hoje, tem importância e o que fazia parte do plano anterior não correspondia bem a esta questão actual. Falo de comunicar e, principalmente, da capacidade de dialogar com todos os agentes. A Igreja, não só os padres, tem que aprender a dialogar, a estar lá com o outro, que pode ser um filósofo, um cientista ou a pessoa mais simples e mais humilde. Também é verdade que já se pôs, a certa altura, a questão da atenção às sensibilidades diferentes das pessoas que nos procuram, quanto ao modo de as atender, por exemplo. Houve até encontros sobre o acolhimento no plano anterior. Tem que ser nesta linha mas é preciso mais para se chegar à aprendizagem do diálogo.
Como caracteriza as paróquias onde está actualmente, Arganil, Sarzedo e Secarias, e a sua acção como pároco nestas comunidades?
Já tenho 66 anos…Mas tenho uma visão deste espaço que me está entregue directamente. Nestas três paróquias, penso que este tempo tem sido positivo. Temos trabalhado bem apesar de não haver coisas muito vistosas. As celebrações têm tido qualidade, a prática cristã tem melhorado e tem-se dado ocasião para a formação de adultos. A catequese estava dispersa por quase todos os dias da semana e concentrámo-la ao Sábado e ao Domingo, com uma atenção maior a cada grupo; os catequistas têm-se encontrado e feito a preparação dos encontros e avaliações em conjunto; as reuniões têm sido mais periódicas e frequentes. Quanto à parte social, talvez ela esteja mais descurada, também porque nos apoiamos nas estruturas que já existem. Reconheço que há muito a fazer nesse sector. A Santa Casa da Misericórdia e o Centro Social, no Sarzedo, têm um trabalho meritório e atendem mesmo muita gente mas há sempre quem fica de fora e há situações não atendidas. Temos aqui a Conferência Vicentina e o Património dos Pobres, com quem estou em ligação frequente. Vão fazendo o seu trabalho mas temos que ir muito mais longe. Quanto à família, para além do CPM, temos em formação o CAF. Desejaríamos que entrasse em funcionamento o mais rápido possível. No dia 9 do próximo mês, haverá um encontro de casais para decidirmos definitivamente se avançamos ou não. Desse encontro, que não é restrito às paróquias que sirvo directamente, esperamos muito. Queremos que dele nasça abertura para que, onde não haja uma estrutura da pastoral familiar, haja ligações aos sítios onde ela existe. É importante esta referência estruturada da pastoral familiar para que ela esteja, inclusive, aberta a espaços fora das paróquias onde trabalha directamente. Aliás, o Secretariado da Pastoral Familiar tem vindo a dar este conselho há muito tempo mas não o temos posto em prática porque valorizamos demasiado as fronteiras das freguesias ou das paróquias. Hoje, elas têm que ser esbatidas ou diluídas até porque os párocos já não estão só numa, nem em duas... São importantes estruturas que abranjam depois lugares onde elas não possam ser implantadas. Em relação à pastoral da família, queremos que ela chegue onde puder chegar.
Um dos maiores desafios é atender à pastoral dos núcleos principais que o ambiente da serra obrigou a formar. A serra foi-se tornando deserta e formaram-se alguns núcleos, onde se concentrou a população: Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil, Góis e Pampilhosa. E esta população deslocada tem características especiais… Desenraizou-se do seu espaço e encontrar um ritmo mais ou menos certo para a vida, num novo lugar, leva o seu tempo. Esta gente ainda não encontrou esse ritmo. O atendimento a esses poucos núcleos é o grande desafio, bem como o modo de lidar com eles, em vários aspectos. No âmbito da família é onde noto uma dificuldade maior. A família atravessa aqui uma crise muito grande.
Porquê?
Não identificamos facilmente as causas ou as origens do fenómeno. É verdade que, a nível nacional e europeu, as coisas também estão complicadas mas tenho a impressão de que, nestes espaços assim, as coisas se fazem notar mais depressa. Isto assusta-nos… Quando cá cheguei, há cerca de três anos e meio, o que me chamou mais a atenção foi, de facto, ter verificado que mais de 50% das crianças são filhos de pais separados, em união de facto, solteiros e sem terem nenhum tipo de ligação com outra pessoa. De lá para cá as coisas pioraram. No momento presente, há muitos casamentos a desfazerem-se.
Quais sente serem as soluções possíveis?
Temos conversado muito sobre isso, aqui. A aposta, já aconselhada por muitos, deve ser na formação, mas esta precisa de elementos que a tornem adequada às pessoas, aos locais, às situações. Dizíamos que ela estava garantida pela catequese, pelos grupos de jovens, no sentido de uma pastoral juvenil integrada, pelo CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio) e, principalmente, pela existência de equipas da pastoral familiar. Mas são realidades que não têm implantação fácil aqui no nosso meio. Temos apostado muito na formação de equipas da pastoral familiar mas tem sido muito complicado... Em geral, os noivos passam pelo CPM. São é poucos os que se casam…
Os jovens deslocam-se muitas vezes dos meios rurais para os centros urbanos para estudar ou trabalhar. Sente que isso tem influência no número de grupos de jovens nas paróquias da região ou nos movimentos juvenis com actividade aqui?
Não tenho bem noção do que esteve para trás de mim, no que respeita a grupos de jovens. Tenho lembrança do que acontecia há 40 anos, quando estive, de 1966 a 1971, em Pombeiro da Beira, que é aqui a dois passos de Arganil. Nessa altura, havia uma movimentação grande de juventude e havia bons grupos de jovens. Muitos dos adultos que hoje estão por aí, pertenceram a grupos dessa altura. Mas depois há um intervalo grande. Hoje, fora do escutismo, praticamente não temos grupos de jovens apesar de haver muitas tentativas.
Fazendo um balanço da forma como foi vivido o plano pastoral na região Nordeste, sente que a distância do centro da diocese tem alguma influência nas respostas dadas pelas comunidades?
Penso que, em relação ao resto da diocese, a diferença no modo de entender e de nos sintonizarmos com o plano não é muita. Quando este plano teve início, ainda estava na região Sul. Vim para aqui a 30 de Novembro de 2003, quando ele já estava em acção, e não encontrei muitas diferenças na maneira de o viver. Mas encontrei, num lado e noutro, várias dificuldades, que foram até analisadas agora, no Conselho Presbiteral. Os problemas podem não estar propriamente no modo como as pessoas abraçam e entram no plano, mas antes no próprio plano. E, se calhar, as coisas deviam começar exactamente por aí. Ele não pode ser tão vasto, não pode querer abranger tanto. Ainda que tenha que dizer respeito a tudo, devem acentuar-se aspectos mais concretos. O nosso plano foi, talvez, ambicioso demais. Num ano foi a família, no outro a juventude, no seguinte a atenção aos mais pobres… Nestas coisas, não há muros a dividir umas áreas das outras. Penso, também, que não foi bem levado à diocese porque não houve uma articulação suficiente entre regiões. Em conclusão, ele tem que ser menos ambicioso e tem que ser feito em articulação com o terreno, com as regiões. Tem que ser mais concreto e depois aplicado e adaptado a cada zona. A diocese tem ainda que apostar mais nos serviços de ligação, nos chamados secretariados. Alguns nem sequer existem. Estes serviços fazem muita falta na execução do plano. Digo, no entanto, que, em relação a este plano, apesar destes problemas, fez-se muito.
Que temas seriam importantes num próximo plano, tendo também em conta a realidade da Nordeste?
Tem que se insistir muito na família e encontrar formas de a Igreja estar muito próxima dela. Não digo que a Igreja tenha que adaptar-se às circunstâncias nem que estas tenham que adaptar-se à Igreja. Tem que haver uma caminhada para conhecer melhor a realidade da família e para, de muitas formas, nos podermos apresentar como "pessoa de bem" em relação à família. Não que não o tenhamos sido mas não se tem acertado…O plano tem que contemplar também a acção social.
Como caracteriza a região em termos de prática cristã e quanto ao envolvimento de leigos na vida da Igreja?
Penso que a prática cristã não é frequente nem coerente. E isto é quase geral. Há manchas em que a situação é melhor mas, na grande maioria, a prática é fraca. Quanto à aposta na acção dos leigos, penso que é essencial em toda a diocese e, aqui, talvez ainda mais, pela rarefacção da população. Existem os tais núcleos centrais e para esses terá que haver sempre a presença de um presbítero, mas nas aldeias fica sempre alguém e também são filhos de Deus. É importante que, para essa população espalhada pelas aldeias, que são muitas, haja o que é possível haver, com uma boa articulação feita pelo presbítero que concentrará a prática nos tais núcleos.
Uma outra aposta do plano passava pela articulação entre fé e cultura. Ela foi conseguida?
Há vários aspectos a considerar quando se fala da ligação entre fé e cultura. Às vezes, quando se fala disto, parece que só nos concentramos nos sítios onde estão as grandes escolas, os serviços públicos e onde está a sensibilidade "mais para a frente", que dá a impressão de estar mais afastada da Igreja. E a Igreja tenta ver de que modo pode estabelecer uma ligação com essas novas sensibilidades. Mas a ligação entre fé e cultura é mais universal e é de outros lugares. Há sensibilidades que percorrem os espaços de forma veloz e vertiginosa e esse problema põe-se em qualquer lugar. Penso que não estamos preparados para este diálogo entre fé e cultura. Tem que haver, se calhar, uma cadeira específica nos seminários, que trate este assunto que tem muita importância e que é, precisamente, um dos grandes problemas hoje. Nós partimos do princípio de que temos uma mensagem para transmitir e de que a comunidade que nos procura, ou à qual somos enviados, é o destinatário e basta. Pensamos que podemos anunciar como sabemos e que está tudo feito. Mas não é assim. Este diálogo, hoje, tem importância e o que fazia parte do plano anterior não correspondia bem a esta questão actual. Falo de comunicar e, principalmente, da capacidade de dialogar com todos os agentes. A Igreja, não só os padres, tem que aprender a dialogar, a estar lá com o outro, que pode ser um filósofo, um cientista ou a pessoa mais simples e mais humilde. Também é verdade que já se pôs, a certa altura, a questão da atenção às sensibilidades diferentes das pessoas que nos procuram, quanto ao modo de as atender, por exemplo. Houve até encontros sobre o acolhimento no plano anterior. Tem que ser nesta linha mas é preciso mais para se chegar à aprendizagem do diálogo.
Como caracteriza as paróquias onde está actualmente, Arganil, Sarzedo e Secarias, e a sua acção como pároco nestas comunidades?
Já tenho 66 anos…Mas tenho uma visão deste espaço que me está entregue directamente. Nestas três paróquias, penso que este tempo tem sido positivo. Temos trabalhado bem apesar de não haver coisas muito vistosas. As celebrações têm tido qualidade, a prática cristã tem melhorado e tem-se dado ocasião para a formação de adultos. A catequese estava dispersa por quase todos os dias da semana e concentrámo-la ao Sábado e ao Domingo, com uma atenção maior a cada grupo; os catequistas têm-se encontrado e feito a preparação dos encontros e avaliações em conjunto; as reuniões têm sido mais periódicas e frequentes. Quanto à parte social, talvez ela esteja mais descurada, também porque nos apoiamos nas estruturas que já existem. Reconheço que há muito a fazer nesse sector. A Santa Casa da Misericórdia e o Centro Social, no Sarzedo, têm um trabalho meritório e atendem mesmo muita gente mas há sempre quem fica de fora e há situações não atendidas. Temos aqui a Conferência Vicentina e o Património dos Pobres, com quem estou em ligação frequente. Vão fazendo o seu trabalho mas temos que ir muito mais longe. Quanto à família, para além do CPM, temos em formação o CAF. Desejaríamos que entrasse em funcionamento o mais rápido possível. No dia 9 do próximo mês, haverá um encontro de casais para decidirmos definitivamente se avançamos ou não. Desse encontro, que não é restrito às paróquias que sirvo directamente, esperamos muito. Queremos que dele nasça abertura para que, onde não haja uma estrutura da pastoral familiar, haja ligações aos sítios onde ela existe. É importante esta referência estruturada da pastoral familiar para que ela esteja, inclusive, aberta a espaços fora das paróquias onde trabalha directamente. Aliás, o Secretariado da Pastoral Familiar tem vindo a dar este conselho há muito tempo mas não o temos posto em prática porque valorizamos demasiado as fronteiras das freguesias ou das paróquias. Hoje, elas têm que ser esbatidas ou diluídas até porque os párocos já não estão só numa, nem em duas... São importantes estruturas que abranjam depois lugares onde elas não possam ser implantadas. Em relação à pastoral da família, queremos que ela chegue onde puder chegar.
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